Incêndios. O inimigo está às portas!
Queremos explicações e resoluções simples para problemas muito
complexos. Não existem!
E por essa razão temos jogos de empurra e promessas vãs com
medidas pequenas e não articuladas como se isso resolvesse alguma coisa.
É necessário que as pessoas se mobilizem por causas a longo
prazo, não apenas por aumentos de salários, e que exijam dos políticos, politicas e acções
concordantes com os nossos desejos. Isso também significa salários e riqueza para
o Pais. Alguém consegue estimar o prejuízo durante os próximos 10 anos que
resulta deste verão sangrento? Eu não consigo, empresas destruídas, matérias primas
destruídas, vidas perdidas, paisagens verdes transformadas em negras, desertificação,
etc…
Estamos a viver uma tragédia com a perca de 100 vidas
humanas e muitas mais de animais inocentes e ecossistemas inteiros.
Todos os diagnósticos estão feitos, todas as informações
existem, os meios também.
O que não existe é vontade de agir e atacar nas várias
frentes onde a batalha da protecção da nossa floresta se está a travar. E Infelizmente
estamos a perder e já começamos a ter consequências contadas em vidas humanas.
Quando pessoas são apanhadas no meio de um fogo, enquanto
circulam numa auto-estrada as portas de Lisboa, meses depois de uma tragédia
com apenas 3 meses, estamos a perder esta batalha seriamente.
O inimigo está a nossas portas!
Com isto aponto o dedo a TODOS os governos, governantes, políticos
e responsáveis da área da agricultura, floresta ambiente e protecção civil dos últimos
40 anos. Olhem o vosso espelho e perguntem o que fizeram e se fizeram o melhor
naquele pequeno pedaço que era onde eram responsáveis de o fazer.
Desinvestir da protecção e da prevenção é fácil e resulta em
disponibilizar verbas que podem ser alocadas a outras vertentes mais visíveis e
que compram mais votos, para já não falar em eventuais negociatas.
O investimento no planeamento, prevenção e protecção não é visível,
não vende, não tem expressão e é sempre descurado porque dá muito trabalho e é
a longo prazo. Mas sem isso, sem tomar acções concretas nesse sentido, e em
muitos planos diferentes, chegaremos ao ponto que não teremos florestas e como
já foi dito temos de nos habituar. Não, não quero e não aceito isto como uma
inevitabilidade. Não quero e não me vou habituar. Ninguém se pode habituar
porque isso é baixar os braço e ficar resignado como se nada pudesse ser feito.
E isso é mentira; muito pode e deve ser feito, já deveria ter sido feito.
Ouvimos falar destes problemas a décadas; os diagnósticos e
as acções necessárias estão feitos e detalhados a décadas; as soluções e as
acções a tomar estão técnica e cientificamente estudadas e definidas a décadas.
Por académicos nas universidades e especialistas das áreas competentes.
O que falta é agir! Estamos fartos de “ Portugal a arder”.